sábado, 9 de junho de 2012

Cristal


E que fazer desse cristal que carregamos no centro do peito?
Desse som que tilinta quando respiramos?
Dessa imensa delicadeza?

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A rede



Encontrei meu filho deitado na rede.
Sozinho, olhando para o nada,
Pensando em branco e bem cedo,
na casa vazia.

Encontrei meu filho deitado na rede,
Verde e orgulhosa no meio da sala,
embalando meu menino,
enquanto eu dormia.

Encontrei meu filho deitado na rede.
Coração disparado, procurei e duvidei
Ele me viu e sorriu
enquanto crescia.

Minha mãe me encontrou deitado na rede.
Espantada, porque eu sorria enquanto ela dormia.
E a rede era rede mesmo.
Não era carro, cavalo ou qualquer fantasia.

Minha mãe me encontrou deitado na rede.
Eu pensava colorido olhando o branco da vida.
E ela ficou olhando bem o que eu fazia.
E não era nada, nadinha.

Éramos eu e a rede
Na casa vazia.
Quietinhos os dois,
Enquanto minha mãe dormia.